domingo, 7 de janeiro de 2024

Ressacado, o Mar. Ressabiada, a Lua.

Era eu

somente um Mar

balançando

pra lá

pra cá...

Como num descanso

pós tempestade

aquelas corriqueiras

Da vida de quem é navegado

e sempre a navegar está

sem parar

Até que lá do alto

de repente

chega

cheia

ela

a Lua!

Olhou dentro de mim e

assim, ligeiro

foi como o fim e o começo

Tudo novo, de novo, e misturado

Ato contínuo

Transbordei!

Como não? Quem nunca? Como pode? Quem segura?

Resistir nunca é opção frente a tamanha força 

É a Lua! Cheia! Do nada! Imensa! Enorme! Poderosa!

E ainda sorri matreira, sem querer encrenca, se esbanja

Menina mulher vivida! A lindeza de uma vida inteira!

Soberba da sua beleza, da sua safadeza...

Brilho natural emprestado do sol

que homenageia na lourice das madeixas

Olhar de índia, astuto, curioso, verde como a mata!

E ela gesticula...e ela gargalha...e ela fala...

das conversas que teve com as estrelas, 

das viagens intergalácticas, 

dos segredos do universo,

ela sabe de todos, de tudo

que me fascina, que me encanta

que me lambe o cérebro!

Me sacode, me enche, me alimenta, me desafia

Tanto e tudo, em mim profundo, vem à superfície!

Emerge só pra vê-la

Todos queremos vê-la!

Exagerado, subo às margens, louco, insano 

Desafio os muros e provoco os limites

Ondas imensas! Ondas gigantes! Ondas inconvenientes

Abalo sísmico fora de hora, impróprio pormaiores

Maremoto de proporções cínicas

É muito! É demais! É inconsequente!

Basta!

O escândalo 

descamba 

em 

escombros

Toda a grita 

se fez

silêncio

em

instantes

Ela não veio pra isso

A Lua, 

com sua graça perdida,

se enfurna 

pra dentro de uma nuvem

Como quem se envergonha do espetáculo

ridículo 

de um mar exibido que

não tem noção do seu lugar

e do momento

e da hora

Agora

eu faço as pazes 

com minha enseada

Devolvo as coisas

aos seus lugares

E convido barquinhos

e canoas

pro meu peito, 

novamente

berço da paz.

~

Espero

a Lua

que minguou

e levou

seu verde

seu Freud

suas covas 

embora

Encaro hoje

a Lua nova

Aquela sem rosto

que ruboreça

frente outra pataquada

de mar besta. 

~

Agora torço pra que a Lua tenha

compaixão e benevolência

pra entender 

que o mesmo mar

exagerado e veemente 

também é bom de navegar.

É salgado mas maleável

Se adapta fácil a qualquer lugar

Até se num potinho

de ficante bem certinho

ou casinho indefinido

ela um dia decidir

que é ali o seu lugar.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

(p) Assado em Ceia de Pão Duro

A mente avoada de quem lamenta
perde-se no mundo escuro de tormentas
É na crise de sentido
que o prumo faz tanta falta
quanto o afago de um primo
Tudo é cinza!
O pai, o filho e o espirito manco...
Recém banhado em chamas históricas
o 'sem-futuro', suas mágoas mal cheirosas
dessas que inundam lençóis tarde da noite
Olhando pela janela verde de cortinas brancas
é possível avistar
um muro de concreto
onde o horizonte deveria despontar
Como se fosse prego em vez de flor
quando deveria beijar, a vida, martelo
e não há dedo pra dividir a dor
Como se fabrica sentido depois de tanto tempo?
tais linhas, não serão elas a resposta!
são sopro, sussurro, desassossego
um antigo abrigo abandonado, as palavras...
chegamos a tal ponto,
ora vejam esse apelo,
findas as balas, sobra o apego
às memórias e hábitos do Passado
velho companheiro que faz sombra até em dia de chuva
seria bom se esse pudesse alavancar
um salto pro lado de lá daquele muro
tornando possível cair de baque surdo
no chão frio do futuro
mas o velho é fraco
como o coração de quem apela
à um talento opaco
para uma questão tão singela...


🎵Está faltando uma coisa em mim...🎵

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Volante, Volver!

Diz-se que na vida
tudo se copia.
Morte num ano
e no outro já pia.
Olhar pro passado
muito me arrepia.
Pensava que era fatal
o canto da Harpia.
Agora tudo certo
pois ela me assovia.
O samba dos meus dedos
curam minha azia.
Agora e nunca mais
paro com a poesia.

Vestido de Mão no Bolso

Desnudar-se num mundo cheio de olhos
é cometer um atentado na moral.





Era Dodói

(...)Gaiola não é lugar pra passarinho triste
por não ser gaivota.
Voa pra longe
meio sem querer
e o amor
feito asa vai bater
à sua porta,
tímido e doido pra te ver.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Letal Letargia

Eu queria só
saber junto
se contigo
dei um nó
ou era apenas
um absurdo

mente Sem vontade

Acabou a poesia em mim
Eis a prova
Já escrevi isso d'outro jeito
N'outra hora
Hoje, arremedo da prosa
Resto do eu d'outrora
Sem fome e motivação
Não crio arte nova
Sonho com meu futuro triste
Preso num presente,
do lado de fora